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Diferença entre personalidade e essência


Personalidade vem de Persona, que, no uso coloquial, é um papel social ou personagem vivido por um ator. É uma palavra latina derivada do etrusco “phersu”, que no teatro romano foi utilizado para identificar alguém que fazia uma performance teatral, utilizando um tipo de máscara feita para ressoar com a voz do ator (per sonare, que significa soar através de), permitindo que fosse bem ouvida pelos espectadores, bem como para dar ao intérprete a aparência que o papel exigia. Podemos a partir dessa definição, interpretar que personalidade é um objeto que esconde minha verdadeira identidade, uma maneira de “agradar às exigências de nossos espectadores”, buscando com isso, encontrar aplausos para caminhar pelo palco da minha existência. Indo mais além, é uma capa de proteção que em tenra idade, ou até mesmo na gestação desenvolvemos como mecanismo de defesa contra intempéries que nos ameaçaram a nós mesmos em nossa essência. Uma capa de proteção que nos impede entrar em contatos com traumas que nos deixaram inseguros acerca da nossa necessidade básica para vivermos em plenitude que é sermos amados, e que dificulta entrarmos em contato com quem realmente somos. Com o uso intensificado dessa “proteção”, estruturamos uma persona ou máscara que é nossa personalidade, nos obrigando a distanciarmos de nossa verdadeira identidade e elegemos um estado falso de ser. Acontece que acostumamo-nos, identificamo-nos tanto com ela, que nem nos damos conta que não somos persona, mas que estamos persona. Acomodamo-nos, entramos num sonambulismo, saindo de um nível de consciência mais elevado acreditando que não sofreria mais ameaças de perda da atenção, do carinho, e do reconhecimento de pessoas significativas e importantes para a nossa vida, nossos pais ou substitutos. Paradoxalmente, nos escondemos de quem realmente somos para não nos perdermos de quem realmente somos.

Enquanto a personalidade nos apresenta a distância que estamos de nós mesmos, a essência nos mostra nosso Eu verdadeiro, é tudo que é verdadeiro, é tudo que é realidade e que eu não consigo visualizar. A essência é a dimensão superior do ser, é nossa relação com o Divino. A essência não tem limites, somos a manifestação do Sagrado, que se expande numa imensidão sem fim, distinta da personalidade que é limitante. Etimologicamente a palavra vem do latim essentia e significa central, básico, substância ou característica própria da natureza, de uma pessoa ou coisa. A palavra essência não tem plural. Não existe “essências”, mas, essência, mostrando a nossa participação num todo, em um núcleo comum. Nossa Natureza essencial é o que somos quando nos percebemos liberto de tudo o que nos prende ou escraviza é o nosso estado de consciência plena, desperta e incondicional. É a Verdadeira Natureza de nosso ser e se apresenta sem filtros e sem distorções, não é do humano faz parte da nossa alma angelical. Num primeiro momento de nossa existência estamos mergulhados na essência, num outro, nos distanciamos dela. Porém, não deixa de existir, nós é que a perdemos de nossa consciência. Permanece una e a mesma sem distorções e sempre.

Sou tipo 3. Quando afirmo isso, quero dizer que minha personalidade tem características do tipo 3. Preocupada com a imagem, em ter aplausos, não fracassar, não perder o lugar do pódio, sempre em constante agitação, fazendo, fazendo, preocupada em atingir metas, com uma agenda louca, querendo agradar a gregos e a troianos, me moldando àquilo que eu acredito que me trará mais aplauso, reconhecimento, e amor, esquecendo-me de que o que me faria feliz realmente seria ser apenas eu sem ter que provar nada para ninguém. Quando na essência, sou lenta, tranquila. Quero o silêncio, respirar, saborear o viver. Quero ter contato com uma paz interior profunda. Quero mergulhar na contemplação e agradecer por tantas maravilhas que me são oferecidas e que a maior é entrar em contato com o Deus que em mim habita e me faz sentir a pessoa mais amada do mundo mesmo com minhas “coisas feias”, minhas “fazeções”, fracassos, imagens que quando estou no ego não são nada agradáveis. Na essência, sinto-me amadíssima pela pessoa que sou e não pelas coisas que faço. Sinto que de mim irradia uma paz e uma energia harmoniosa, que se expande pelo mundo, me fazendo partícipe e una no universo.

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