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O Dois com o Dois: um casal de Dadores



Casais de Dois são coisa rara. Afinal de contas, se você está nesse negócio de dar, é natural que procure alguém a quem ajudar.

Com dois Dadores, não há ninguém para receber, e cada um deles fica embaraçado em ser o centro das atenções.


Quando os Dois ajudam o parceiro a realizar o potencial que lhe cabe, sentem-se com se eles próprios também estivessem alcançando o sucesso.

Quando alguém que ajudam tem êxito, lhes é igualmente poupado o risco de perder a boa reputação. Os Dois participam da fama por detrás da cena.


Foram eles que mexeram os pauzinhos. Foram eles que fizeram acontecer e conseguiram isso sem ter de correr o risco de um fracasso público.


Mas uma dupla de Dois é uma “armação”. Cada um deles está pensando: “Estou sendo forçado a ir na frente”.


É embaraçoso descobrir que você tem a humilhação pública. Ter exposta a dependência que tem em relação às outras pessoas faz o Dois sentir raiva. Pode surgir uma situação de impasse. Cada qual quer que o outro seja o empreendedor. Cada qual prefere ajustar-se e dar o suporte.


Cada qual está esperando ser motivado e ambos estão entediados porque não há nada que fazer.

Cada qual está impaciente com o outro, porque nenhum dos dois sabe quem deve ser, sem que as necessidades de alguma outra pessoa sirvam de catalisador para isso.

Ocorrem acessos de raiva à medida que necessidades reprimidas despontam. Pedir ajuda dá uma sensação de desconforto.


Esse casal pode, contudo, unir-se em torno de um empreendimento em comum.

São capazes de administrar um negócio ou de resolver problemas de família juntos. Sob a forte pressão de encontrar a própria identidade no outro, ambos dirigem a atenção para outro lugar.


Os dois parceiros deixam-se absorver por outras pessoas; se não puderem juntos erguer-se contra o mundo, ou se não puderem ajudar-se mutuamente, buscarão inspiração fora de casa.


Precisam redirecionar a atenção para si mesmos, por mais doloroso que isso possa ser. Precisam honrar as próprias emoções.

Ver os próprios potenciais, ainda que os Dois tenham de enfrentar um bocado de terror para fazer isso. “Ter necessidades e carências equivale a ser rejeitado” – é a fórmula que trazem do passado.

Cada um deles deve aprender a ficar sozinho em vez de procurar exteriormente alguém a quem ajudar.


Casais de Dois devem redefinir a ideia que fazem do relacionamento. Relacionar-se não significa negar as próprias necessidades. Não significa renunciar a ser um indivíduo.

Não significa sair de dentro de si mesmo.


Servir aos potenciais do parceiro ou cônjuge só e capaz de construir uma metade do relacionamento, a outra metade consiste no desenvolvimento da própria pessoa.

Uma dupla de Dois são frequentemente amigos e mais raramente parceiros e amantes.

Como amigos, podem se incentivar reciprocamente a receber.


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Autor: Carmen Cyrino


Quem é Carmen Cyrino?


Psicóloga e Psicanalista com mais de 40 anos de experiência.


Professora de Eneagrama na Tradição Narrativa, certificada por Helen Palmer e Urânio Paes.

Colaboradora Oficial da Chestnut Paes Enneagram Academy.

Membro da IEA-Brasil.

Professora de pós-graduação em Eneagrama na Universidade Sentido Único, Gestão Educacional Superior.

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